Um grupo de moradores de Sabino, Lins, Promissão, São Paulo, Guarulhos e Bahia decidiu fundar um movimento de base popular para atuar nas frentes de sensibilização ambiental e militância junto aos gestores públicos para que melhorem a governança das águas doces.
O grupo de ativistas decidiu organizar-se após mais uma ocorrência de eutrofização na Praia Municipal de Sabino (SP), ponto turístico do noroeste paulista, próximo a Lins (SP).
O problema acontece há 16 anos na cidade prejudicando moradores, pescadores, comerciantes e causando mortandade de inúmeras espécies aquáticas endêmicas do rio Tietê.
O Tietê possui espécies já extintas por conta de problemas ambientais de longa data. A eutrofização - proliferação de algas tóxicas devido ao tratamento precário do esgoto urbano e escoamento de adubos nitrogenados usados nas lavouras de cana que predominam na região de Sabino - gera forte mau-cheiro todo ano, na estação chuvosa (dezembro-março), prejudicando os moradores.
Pousadas e lojas fecharam. Alguns moradores querem se mudar por conta do problema. A presença de algas tóxicas, formando uma espécie de lodo verde mau-cheiroso e espesso, também prejudica comerciantes que viram a economia local desacelerar.
O fenômeno da eutrofização atinge vários outros municípios como Barra Bonita, Araçatuba, Guaiçara, Promissão, Pederneiras, Represa de Bariri, Sales e Arealva. Lagoas do Rio de Janeiro e Belo Horizonte também já sofreram o problema. As algas liberam toxinas perigosas (microcistina e outras) na água que, se consumida, pode ser fatal para seres humanos.
A poluição reduz o oxigênio dissolvido na água, matando os peixes por asfixia. Em Sabino, já morreram toneladas de peixes e a praia fica interditada todo ano. Pescadores de Sabino sofreram queimaduras na pele após entrar na água poluída, além de prejuízos financeiros.
Em 1996, o uso dessa água contaminada, em Caruaru (PE), no tratamento de pacientes renais crônicos em uma clínica de hemodiálise resultou na morte de 60 doentes. O fato gerou repercussão internacional e ficou conhecido como "Tragédia Brasileira da Hemodiálise”. Em Sabino, além do tratamento precário do esgoto, o passivo de matas ciliares (APPs) nas margens dos córregos, do próprio Tietê e a falta de cuidados com as nascentes agravam o problema.
Movimento Popular Defenda as Águas - pelo direito humano fundamental à água limpa -
Lilian Caramel - jornalista, Sabino (SP)
Elisete Peixoto de Lima - professora universitária, Unilins, Lins (SP)
Deborah Cunha Teodoro - pesquisadora e advogada, Bauru (SP)
Maria do Carmo Andrade - professora da Fundação Casa, Promissão (SP)
Roberto Antunes - alquimista, Guarulhos (SP)
Francisco Savazzi - cirurgião-dentista, São Paulo (SP)
Gabriela Franceschini - bioarquiteta, Mata de São João (BA)
Mais informações com a jornalista Lilian Caramel - 11 94320-2929
Foto: Foto de Fernando Rees: https://www.pexels.com/pt-br/foto/cidade-meio-urbano-paisagem-urbana-paisagem-da-cidade-17951429/