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No Outubro Rosa, psicóloga sugere ressignificação do câncer de mama
Redação - Rádio Palermo
Publicado em 18/10/2022


Quando pensamos no Outubro Rosa, é difícil manter a positividade quando o primeiro argumento usado para incentivar a realização de exames preventivos são os dados do Ministério da Saúde que apontam 50 mortes diárias por câncer de mama em 2021. Entretanto, se engajar na prevenção é sinônimo de aumentar chances de tratamento bem sucedido, de cura e de tempo de vida. Então, por que é tão difícil encarar este tema com otimismo? A psicóloga e especialista em medicina comportamental Carina Pirró traça um caminho para virar a chave. 

 

 

“Qual a primeira coisa que vem à sua cabeça quando eu falo a palavra bola? Futebol? Copa do mundo? Jogo? Seu time predileto? E se disser a palavra câncer? O que você pensa?”, questiona Carina. Ao fazer estas perguntas durante mais de 20 anos em seu consultório, as respostas trazidas pelos pacientes da psicóloga, salvo raras exceções, estiveram relacionadas à morte, dor, medo, ou até um silêncio seguido de uma respiração tensa e profunda. Por mais que a pessoa tenha a informação que muitos tipos de câncer têm tratamento e alta chance de cura, não é essa a sensação do paciente ao receber o diagnóstico.

 

 

Com um tratamento pela frente, manter-se positivo é um grande desafio porque o ser humano não foi programado para admitir a possibilidade de problemas, ainda mais relacionados à saúde. “A gente nunca acha que vai acontecer conosco. Costumamos programar nossa vida com a certeza de que não teremos nenhum imprevisto pelo caminho. Se alguém pergunta onde você vai passar o Natal, você responde confiante. Ninguém responde: não sei ainda, preciso ter certeza que não serei diagnosticado com nenhuma doença até lá”, reflete Carina. 

 

A psicóloga aponta que é preciso abrir espaço para pensar que experiências negativas podem acontecer e ainda assim seguir com pensamentos positivos e saudáveis. Só assim é possível olhar para o futuro com segurança. “Sei que incomoda falar sobre este assunto. No caso do câncer de mama, negar o assunto aumenta o risco de atrasar o diagnóstico e agravar a situação. A grande sacada do Outubro Rosa é, pelo menos uma vez ao ano, lembrar as mulheres de que é preciso pensar no assunto do qual tanto fugimos”. 

 

O ambiente criado pela campanha, de acordo com a especialista em medicina comportamental, incentiva as mulheres a deixarem os pensamentos negativos de lado para aderirem ao autocuidado. Iniciativas simples, como autoexame ou a realização da mamografia, podem antecipar diagnósticos e garantir sucesso do próprio  tratamento. “Cada um de nós é responsável por mudar a associação negativa que fazemos à palavra câncer. Quem sabe, numa realidade breve, eu pergunte a você o que vem à cabeça quando falo a palavra câncer, e a resposta esteja ligada a diagnóstico precoce, prevenção, cura e vida”, projeta Carina.

 

 

Sobre Carina Pirró:

 

Com quase 20 anos de experiência clínica, Carina Pirró é psicóloga e especialista em medicina comportamental. Compôs equipes de tratamento de obesidade e emagrecimento, psicologia hospitalar e agora se dedica à neurociência para apoiar pacientes com ansiedade e depressão. Nas redes sociais, reúne quase 17 mil seguidores, com quem compartilha reflexões leves e bem humoradas sobre temas espinhosos.

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